segunda-feira, 26 de agosto de 2013

"Olha pra trás." Recebi uma sms de uma tal pessoa que passei a noite pensando. Eu estava andando, era natal. Queria achar uma loja para comprar algo, e achei. Olhei pra trás, nada vi. "Porque?" respondi. "Estou chegando perto de você." Eu realmente queria saber o que ele estava fazendo tão longe de casa naquele dia. Entretanto, eu olhei pra trás e não conseguia vê-lo. Trocamos mensagens por alguns longos minutos. Tive coragem de pergunta-lo o porque de ele não ter ido ontem a minha casa, onde todos se reuniram para a ceia de natal. Sorri ao lembrar de quão agradável foi o momento. Mas logo, veio a resposta... "Eu estou feio, não quero que ninguém chegue perto de mim." Achei aquilo inadmissível, afinal, sou feia todos os dias da semana, e convivo com esse fato muito bem..."Acabei de te ver, posso chegar perto de você?" Antes da resposta, fui me aproximando e... quando o vi, o abracei de tal maneira que eu mesma sentia que aquele fosse o melhor abraço do mundo. (...)
"Não tem porque continuar assim..." Foi o que ela pensou quando se deu conta do que a vida havia se tornado. A vida passa, as pessoas sorriem, outras choram... e é como se tudo fosse a mesma coisa. As mesmas histórias, os mesmos problemas, e quase sempre nada de novo. Claro, há uma variação considerável de uma pessoa para outra. Umas são mais ricas, outras mais pobres. Umas sofrem com a separação dos pais pelo divorcio, e outras com a separação da família por causa de uma catástrofe. Algumas estudam e passam em uma faculdade, outras trabalham no comercio a vida inteira. Mas a vida, o drama, a cena... É sempre a mesma quando as cortinas se fecham.
California, Agosto de 2010

Queria poder voltar no tempo, pra fazer tudo diferente. Queria poder ter te amado como você um dia me amou. Queria poder ter enxergado que o certo pra mim, era você. Queria ter tido cabeça pra refletir em todas as palavras lindas que você me disse, que hoje, ao parar pra pensar, eu reparei que foram as mais lindas que eu já ouvi em toda a minha vida. Queria poder te pedir desculpas por tudo. Queria poder fazer com que você me aceitasse de volta. Queria fazer com que você fosse idiota o suficiente ao ponto de ainda me amar, mesmo depois de tudo que eu te fiz. Mas... De idiota nessa história só restou eu. E eu, sinceramente, sinto muito por tudo. Queria poder voltar ao tempo, mas não dá. Isso é impossível.
Fazendo deste poema uma carta.

"Eu vou te contar que você não me conhece…
E eu tenho que gritar isso porque
você está surdo e não me ouve!
A sedução me escraviza à você…
Ao fim de tudo você permanece comigo,
mais preso ao que eu criei e não a mim.
E quanto mais falo sobre a verdade inteira
um abismo maior nos separa…
Você não tem um nome, eu tenho…
Você é um rosto na multidão,
e eu sou o centro das atenções,
mas a mentira da aparência do que eu sou,
e a mentira da aparência do que você é.
Por que eu, eu não sou o meu nome,
e você não é ninguém…
O jogo perigoso que eu pratico aqui,
ele busca a chegar ao limite possível da aproximação.
Através da aceitação, da distância, e do reconhecimento dela.
Entre eu e você existe a notícia que nos separa…
Eu quero que você me veja nua, eu me dispo da notícia.
E a minha nudez parada, te denuncia, e te espelha…
Eu me delato, tu me relatas…
Eu nos acuso, e confesso por nós.
Assim, me livro das palavras,
Com as quais você me veste."


Poema de Fauzi Arap

domingo, 23 de outubro de 2011

15 de fevereiro de 1965

15 de fevereiro de 1965

Hildita querida

Hoje eu te escrevo, embora a carta vá te chegar muito tempo depois; mais quero que saibas que me lembro de ti e espero que estejas passando o teu aniversário muito feliz. Já és quase uma mulher, e já não se pode escrever como às crianças, contando bobagens ou mentirinhas.
Hás de saber que contínuo longe e que estarei muito tempo longe de ti, fazendo o que posso para lutar contra nossos inimigos. Não é que seja grande coisa, mas algo faço, e creio que poderás estar sempre orgulhosa de teu pai, como eu estou de ti.
Lembra que ainda faltam muitos anos de luta e, ainda quando fores mulher, terás que cumprir tua parte na luta. Por enquanto, é preciso se preparar, ser muito revolucionária, que na tua idade quer dizer aprender muito, o mais possível, e estar sempre pronta para apoiar as causas justas. Além disso, obedecendo à tua mamãe não te creias pronta antes do tempo. Ele logo chegará.
Deves lutar por ser das melhores na escola. Melhor em todo sentido, já sabes o que quer dizer: estudo e atitude revolucionária, vale dizer: boa conduta, seriedade, amor à Revolução, companheirismo etc. Eu não era assim quando tinha a tua idade, mas estava numa sociedade diferente, em que o homem era o inimigo do homem. Agora tu tens o privilégio de viver outra época e é preciso ser digno dela.
Não te esqueça de dar uma volta pela casa para vigiar as outras crianças e aconselhar a elas que estudem e se portem bem. Sobretudo Aleidita, que tem muito respeito por ti como irmã mais velha. Bom minha velha, outra vez que passes muito feliz teu aniversário. Dá um abraço à tua mamãe e a Gina, e recebas um grandinho e fortíssimo que valha todo o tempo que não nos veremos de teu Papai.

Carta a Hilda Beatriz Guevara Gadea (sua filha), de 15 de fevereiro de 1965, pouco antes de ir para o Congo. Fonte: Caros amigos, nº 35, outubro de 2007

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Bristol, 13 de Fevereiro de 2011

Michelle
Quando finalmente tudo tá dando certo, depois de uma temporada bem longa de desastres de todos os tipos, eu pensei que estava tudo bem. Pra mim vocês estavam completamente felizes, eu também estava, e essa história eu nem lembrava mais por que ele tinha prometido que já tinha chegado ao fim, e eu confiava nele. De repente, uma das poucas pessoas que você confia no mundo te decepciona mais uma vez, e quer saber? Depois que você faz a merda a desculpa não vai adiantar absolutamente nada. Quando eu pensei que finalmente minha vida ia voltar a ser feliz o meu mundo desaba mais uma vez. Eu não podia desistir dele assim mais eu cheguei no meu limite. Eu só queria ter paz. Eu só queria que tudo fosse normal, mais não. A pessoa que eu mais amo na minha vida só sabe me decepcionar cada vez mais. Eu não tenho mais forças, sinceramente eu não tenho. Como eu queria ter MEU DEUS, como eu queria! Mas não dá, tudo acabou. Meus sonhos, expectativas, minhas lembranças, todas elas. As melhores... Ele que esta nelas, e então? Nas minhas lembranças, tem uma pessoa que não pensa no amor que eu sinto por ela? Tem uma pessoa que não cumpre a palavra com as pessoas que mais amam ela? Ele me fez e me faz feliz, mais os momentos de tristeza e mágoa marcam mais, infelizmente. Eu só queria que ele entendesse que tudo que ele ta vivendo não é felicidade. Mas infelizmente, ele sempre me fez feliz. Infelizmente ele ajudou a construir a minha história, infelizmente ou felizmente eu amo ele e eu não suporto a ideia de pensar que ele faz isso e no final vai se decepcionar, afinal, eu sei que vai e você sabe também. O que realmente me dói pensar, mas que não sai da minha cabeça é que se for pra ele se ferrar no final com drogas, álcool e cigarros eu preferia, realmente eu preferia que ele sumisse, tipo, não visse ele mais nunca mais pra não sofrer junto, pra não morrer de desgosto, ou de tristeza. Eu e você por exemplo, passamos por tudo que ele passa, e nós não temos esses problemas patéticos. A dificuldade da adolescencia não é desculpa, nem o fracasso, nem a falta de amor, carinho ou atenção. Não tem desculpa, e infelizmente não tem perdão. Pra mim não tem mais. Ele já se desculpou mil vezes, nós perdoamos mil vezes, mais já deu. Sinceramente, eu cansei de desculpar, eu cansei de dar tudo por ele e ele jogar pro ar como se nada importasse. Eu cansei de dar minha vida por ele e ele agir como se não houvesse amanhã. Eu cansei de desculpar ele pra poder me decepcionar de novo. Ou ele larga essa vida, ou ele me esquece. Por mais que me doa eu não vou me esforçar dessa vez. Ele vai ter que decidir, porque eu cansei desse jeito inconsequente dele. Eu cansei de verdade. Eu amo ele mais eu cheguei no meu limite. Se ele quiser eu sempre vou estar lá. Mas agora é tarde pra voltar atrás. A decisão final é: ou eu ou aquela vida que ele ta levando. Ele deve saber o que é melhor pra ele, a vidinha fútil que ele anda levando ou os amigos de verdade.

Elizabete

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Maringá, 21 de Janeiro de 2009

Rafa.
Apenas pensando em começar a escrever a ti eu começo chorar... Como lhe disse na última vez que nos falamos, em agosto ao participar de uma dinâmica foi pedido para que escrevesse uma carta a alguém especial que estava longe, não restava duvidas de que escreveria para o cara que foi meu pai, minha mãe, meu irmão, meu filho, meu amigo... Minha alma gêmea. Desde que nos conhecemos há seis anos e meio a gente percebeu que a cabeça era a mesma, os mesmo sonhos, as mesmas vontades, os mesmos gostos, o mesmo jeito. Por a gente ser muito iguais, e juntos sermos perfeitos, a vida deu um jeito de nos separarmos, já que estávamos a um passo de dominar o mundo (como sempre dizíamos). Por mais longe que um ficou do outro, o pensamento estava no mesmo lugar. Quando comecei a namorar, tu logo achaste uma mulher com o mesmo nome e até mesmo mesma aparência, tua primeira filha nasceu, e como nosso combinado, Maria Eduarda foi o nome (eu não esqueci, a minha também será). Tua mulher era a perfeita, pois bem, tu ganhaste a aposta, achou primeiro, meu namoro havia se encerrado, e mesmo longe foste tu que me consolava com palavras nada delicadas e muitas vezes agressivas, mas tu nunca levaras nada a serio, eu sempre soube que esta não seria a hora. Poucos meses depois, quando eu já estava normal e continuando nossa vida de irmãos, porém sozinho desta vez, uma das melhores visitas que eu já tive, veio conhecer como seria minha vida de universitário em minha nova cidade. Foram os três dias mais intensos que tive em Maringá, e no próximo dia, aquele em que você foi embora, algo bom havia deixado, uma sorte que não tem tamanho, foi o dia em que conheci a garota que fez eu me adaptar a viver longe de casa, que me ensinou a ter uma vida de adulto, com esta também não deu certo, talvez nos encontramos em hora errada de nossas vidas, mas ainda sou muito grato por tudo que fez por mim, por tudo que me ensinastes. Quando terminou esse namoro foi quando resolvi me aplicar realmente às atividades importantes em meu desenvolvimento, o que nos leva ao início desta carta, quando me candidatei a ser membro de uma organização na qual hoje faço parte, na carta em que fiz uma etapa da dinâmica escrevi resumidamente minha saudade por ti, também citei que no fim do meu último namoro eu não havia chorado, ao contrario do anterior, engraçado, como se tu não lembrastes cada lagrima minha nas quais ouviu caindo por telefonemas e sentindo em meus e-mails, mas como eu não iria chorar, aquela havia sido a primeira mulher de minha vida, muito diferente de todas as outras garotas nas quais me relacionei ante. Enfim, quando a li para você por telefone me lembro de suas palavras... “eu tava muito bêbado quando imaginei que tu estavas chorando, tu estavas muito bêbado quando escreveste isto, estou sonhando agora ou viraste um belo de um mentiroso?”... Porém a resposta não é nada disso, o que aconteceu foi que desta vez eu precisava de tua companhia, precisava passar um tempo contigo, precisava te dizer que eu também havia encontrado a perfeita, e que não tive a mesma sorte que você, a minha perfeita... eu perdi... ah que bom foi quando resolveu vir ver como eu estava, a última vez que vi a Duda ela era apenas um bebê, e agora já me chamava pelo nome, vestida como se fosse uma princesa... nossa despedida no aeroporto foi como qualquer outra, não houve nada de diferente, a saudade deixada era a mesma, mal sabia meu coração que nessa vida era a ultima vez que veria esse cara tão feio e tão amado... Confesso que essa parte eu não gostaria escrever... porém... Foi com imenso aperto que sai de casa dia 6 de setembro de 2008... minhas pernas não estavam como o normal, e meu coração disparou ao ver uma gsx-r1000, fez eu me lembrar de uma certa noite... quando estava esperando minha carona para ir a uma noite cultural da AIESEC, recebi o pior telefonema de minha vida... não... não é possível... custou-me acreditar, na verdade, ainda não acredito... foi uma noite que em poucas horas consegui me recordar de 6 anos inteiros, como se o tempo parasse que eu revivesse cada minuto... Foi lendo atentamente cada palavra da pericia que entendi o porquê de tanto desespero ao ver a moto no dia de teu acidente, e também entendi o porquê me lembrara daquela certa noite, a cor da moto podia ser diferente, mas o resto... me fez concluir que foi o mesmo acidente, só que desta vez tu estavas sozinho, e depois de tudo que você fez pelo mundo, decidiram que esse lugar ia ficar bom de mais com você continuasse aqui... o que mais me enfureceu foi saber que tu não teve a oportunidade de conhecer o novo André, não o novo eu, teu gurizinho, é... o nosso primeiro filho, teria nossos nomes, e mesmo sem você estar sabendo da existência dele, tua mulher é perfeita lembra?! Ela nunca iria discordar do teu sonho, nosso sonho... eu não consigo imaginar aonde tu estas agora, nem ao menos imaginar se estas em algum lugar, mas sei que tu estas vendo quão linda esta a barriga da Vanessa e a Duda achando que já eu é uma guria crescida, sei que estas feliz em saber que o André vai nascer perto de meu aniversario... Não sinto falta de te contar cada segundo de minha vida, sei que agora esta vivendo tudo ao meu lado, eu te sinto aqui, eu sei que estas lendo isso e me chamando de burro, que eu não sei escrever, que eu não sei expressar o que sinto, que na verdade eu deveria te chamar de lindo e modesto, só que você tem que lembrar que o lindo e modesto sou eu... Quando eu disse que o acidente era o mesmo (sem considerar a cor da moto), faltou um pequeno detalhe, a arvore que te tirou daqui também não estava presente dois anos atrás, e se eu não pudesse fazer com que ela nunca tivesse nascido que pelo menos tivesse nascido no lugar em que a gente estava junto... se é difícil saber que nunca mais veremos uma pessoa querida, saber que nunca mais veremos uma parte de nós, é muito pior... apesar de saber que esta vivendo do meu lado, eu queria ver sua cara quando eu contar de meus flertes, queria saber qual é a guria que eu vou poder namorar, como vou saber se é feia e não vale a pena, como vou saber se é muito bonita e vai me trair porque sou o cara mais feio do mundo, como vou saber que ela não é feia e também não é muito bonita, então vai ser uma namorada boa?! Tudo que a gente viveu parece mentira, nunca foi uma vida real, só esqueceram de avisar agente, nunca nos falaram como o mundo funcionava, e quando a gente descobriu, nos tornamos mortais infelizmente. 0+6+0+9+2+0+0+8 = 25... Não vou falar que foram 25 anos mal vividos, acredito que viveu mais do que muitos centenários... Tenho saudades Rafa... por favor... tenta voltar, faz uma força ai, vamos esquecer o que é o mundo real novamente e viver como antes.

Junto com um tapa no pé da orelha
Seu melhor amigo André, sempre.