quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Maringá, 21 de Janeiro de 2009

Rafa.
Apenas pensando em começar a escrever a ti eu começo chorar... Como lhe disse na última vez que nos falamos, em agosto ao participar de uma dinâmica foi pedido para que escrevesse uma carta a alguém especial que estava longe, não restava duvidas de que escreveria para o cara que foi meu pai, minha mãe, meu irmão, meu filho, meu amigo... Minha alma gêmea. Desde que nos conhecemos há seis anos e meio a gente percebeu que a cabeça era a mesma, os mesmo sonhos, as mesmas vontades, os mesmos gostos, o mesmo jeito. Por a gente ser muito iguais, e juntos sermos perfeitos, a vida deu um jeito de nos separarmos, já que estávamos a um passo de dominar o mundo (como sempre dizíamos). Por mais longe que um ficou do outro, o pensamento estava no mesmo lugar. Quando comecei a namorar, tu logo achaste uma mulher com o mesmo nome e até mesmo mesma aparência, tua primeira filha nasceu, e como nosso combinado, Maria Eduarda foi o nome (eu não esqueci, a minha também será). Tua mulher era a perfeita, pois bem, tu ganhaste a aposta, achou primeiro, meu namoro havia se encerrado, e mesmo longe foste tu que me consolava com palavras nada delicadas e muitas vezes agressivas, mas tu nunca levaras nada a serio, eu sempre soube que esta não seria a hora. Poucos meses depois, quando eu já estava normal e continuando nossa vida de irmãos, porém sozinho desta vez, uma das melhores visitas que eu já tive, veio conhecer como seria minha vida de universitário em minha nova cidade. Foram os três dias mais intensos que tive em Maringá, e no próximo dia, aquele em que você foi embora, algo bom havia deixado, uma sorte que não tem tamanho, foi o dia em que conheci a garota que fez eu me adaptar a viver longe de casa, que me ensinou a ter uma vida de adulto, com esta também não deu certo, talvez nos encontramos em hora errada de nossas vidas, mas ainda sou muito grato por tudo que fez por mim, por tudo que me ensinastes. Quando terminou esse namoro foi quando resolvi me aplicar realmente às atividades importantes em meu desenvolvimento, o que nos leva ao início desta carta, quando me candidatei a ser membro de uma organização na qual hoje faço parte, na carta em que fiz uma etapa da dinâmica escrevi resumidamente minha saudade por ti, também citei que no fim do meu último namoro eu não havia chorado, ao contrario do anterior, engraçado, como se tu não lembrastes cada lagrima minha nas quais ouviu caindo por telefonemas e sentindo em meus e-mails, mas como eu não iria chorar, aquela havia sido a primeira mulher de minha vida, muito diferente de todas as outras garotas nas quais me relacionei ante. Enfim, quando a li para você por telefone me lembro de suas palavras... “eu tava muito bêbado quando imaginei que tu estavas chorando, tu estavas muito bêbado quando escreveste isto, estou sonhando agora ou viraste um belo de um mentiroso?”... Porém a resposta não é nada disso, o que aconteceu foi que desta vez eu precisava de tua companhia, precisava passar um tempo contigo, precisava te dizer que eu também havia encontrado a perfeita, e que não tive a mesma sorte que você, a minha perfeita... eu perdi... ah que bom foi quando resolveu vir ver como eu estava, a última vez que vi a Duda ela era apenas um bebê, e agora já me chamava pelo nome, vestida como se fosse uma princesa... nossa despedida no aeroporto foi como qualquer outra, não houve nada de diferente, a saudade deixada era a mesma, mal sabia meu coração que nessa vida era a ultima vez que veria esse cara tão feio e tão amado... Confesso que essa parte eu não gostaria escrever... porém... Foi com imenso aperto que sai de casa dia 6 de setembro de 2008... minhas pernas não estavam como o normal, e meu coração disparou ao ver uma gsx-r1000, fez eu me lembrar de uma certa noite... quando estava esperando minha carona para ir a uma noite cultural da AIESEC, recebi o pior telefonema de minha vida... não... não é possível... custou-me acreditar, na verdade, ainda não acredito... foi uma noite que em poucas horas consegui me recordar de 6 anos inteiros, como se o tempo parasse que eu revivesse cada minuto... Foi lendo atentamente cada palavra da pericia que entendi o porquê de tanto desespero ao ver a moto no dia de teu acidente, e também entendi o porquê me lembrara daquela certa noite, a cor da moto podia ser diferente, mas o resto... me fez concluir que foi o mesmo acidente, só que desta vez tu estavas sozinho, e depois de tudo que você fez pelo mundo, decidiram que esse lugar ia ficar bom de mais com você continuasse aqui... o que mais me enfureceu foi saber que tu não teve a oportunidade de conhecer o novo André, não o novo eu, teu gurizinho, é... o nosso primeiro filho, teria nossos nomes, e mesmo sem você estar sabendo da existência dele, tua mulher é perfeita lembra?! Ela nunca iria discordar do teu sonho, nosso sonho... eu não consigo imaginar aonde tu estas agora, nem ao menos imaginar se estas em algum lugar, mas sei que tu estas vendo quão linda esta a barriga da Vanessa e a Duda achando que já eu é uma guria crescida, sei que estas feliz em saber que o André vai nascer perto de meu aniversario... Não sinto falta de te contar cada segundo de minha vida, sei que agora esta vivendo tudo ao meu lado, eu te sinto aqui, eu sei que estas lendo isso e me chamando de burro, que eu não sei escrever, que eu não sei expressar o que sinto, que na verdade eu deveria te chamar de lindo e modesto, só que você tem que lembrar que o lindo e modesto sou eu... Quando eu disse que o acidente era o mesmo (sem considerar a cor da moto), faltou um pequeno detalhe, a arvore que te tirou daqui também não estava presente dois anos atrás, e se eu não pudesse fazer com que ela nunca tivesse nascido que pelo menos tivesse nascido no lugar em que a gente estava junto... se é difícil saber que nunca mais veremos uma pessoa querida, saber que nunca mais veremos uma parte de nós, é muito pior... apesar de saber que esta vivendo do meu lado, eu queria ver sua cara quando eu contar de meus flertes, queria saber qual é a guria que eu vou poder namorar, como vou saber se é feia e não vale a pena, como vou saber se é muito bonita e vai me trair porque sou o cara mais feio do mundo, como vou saber que ela não é feia e também não é muito bonita, então vai ser uma namorada boa?! Tudo que a gente viveu parece mentira, nunca foi uma vida real, só esqueceram de avisar agente, nunca nos falaram como o mundo funcionava, e quando a gente descobriu, nos tornamos mortais infelizmente. 0+6+0+9+2+0+0+8 = 25... Não vou falar que foram 25 anos mal vividos, acredito que viveu mais do que muitos centenários... Tenho saudades Rafa... por favor... tenta voltar, faz uma força ai, vamos esquecer o que é o mundo real novamente e viver como antes.

Junto com um tapa no pé da orelha
Seu melhor amigo André, sempre.

Um comentário: