quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Columbos, 24 de Outubro de 2006

Querido e amado pai.
São sete horas e o relógio bate! Olho ao meu redor e vejo uma casa tão pequena. Volto a memoria e consigo me lembrar de quando ela era grande. Porem, isso é apenas uma questão relativa. Naquela época, eu era tão pequena que sumia nessa minúscula casa. Móveis? Não existiam. A casa estava prestes a ser comprada, mas enquanto o dia não chegava, você me trazia pra cá. E eu corria... Me sentia um pássaro, um pássaro livre, mas não tão livre assim. Livre debaixo de um teto e dentre algumas paredes. Eu não conhecia o que havia de ter lá fora, e quer saber mais? Pouco me importava! Tudo o que eu queria era correr pelos cantos da imensa casa e desfrutar do desconhecido. Porém o tempo passou. Nos mudamos pra cá. Os moveis chegaram, e as circunstâncias também. Fui crescendo, crescendo, crescendo... E parece que cada vez mais nossa casa foi diminuindo. Meu palácio, meu horizonte, foi se transformando em nada. Tive vontade de voar mais alto, de conhecer outros horizontes. Foi quando abri a porta, e sai. Vi lá fora um céu tão azul o qual só tinha visto dentre as quatro paredes. E ele era tão encantador... Pai, eu voei. Voei sim. Conheci outros ares, outros caminhos, outras coisas. Mas quer saber? Eu voltei! Não existe lugar melhor do que estar ao teu lado. Lá fora a imensidão é grande sim, e realmente nos encanta. Mas lá fora eu vi bichos maiores que eu. Eu vi ganancia, eu vi tristeza. Eu vi morte, dor e sofrimento. Pai, agora entendo porque me segurastes! Mas agora terei de conviver com aquilo lá. É por isso que eu preciso voltar. Afinal, do teu lado há segurança. Mas, Pai, será que tu me aceitas de volta? Receba esta carta, de alguém que mais perto do que pensas, esta. E se me aceitares de volta, deixe uma tubo de jujubas no lugar que sempre deixavas naquelas vezes eu que eu me escondia do senhor. Vou amar sentir de novo o gostinho doce de voltar pros teus braços.

Com amor, de sua querida filha,
Catherine.

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